quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

O Papel da Imprensa

Só tenho postado aqui conteúdo que escrevi para a faculdade, mas é que não ando muito animada com o blog, infelizmente. Continuando com o hábito, mais uma matéria. Ela foi escrita para uma revista que criamos a "Brainstorm". Espero que gostem.

Em ano eleitoral, notícias relacionadas à política dominam os noticiários, sejam eles diários, semanais ou mensais. Mas pouco é discutido sobre a qualidade e equidade dessa cobertura jornalística, a nível nacional, talvez porque isso poderia prejudicar os próprios veículos de comunicação. Mas a Brainstorm resolveu consultar estudiosos da relação mídia e política para analisar esses fatores e responder a pergunta: como foi a cobertura jornalística nas eleições?

Consultamos dois especialistas: o cientista político e professor do Departamento de Sociologia e Política da PUC-Rio Ricardo Ismael e o professor do curso de Comunicação Social, da mesma universidade, José Eudes Araújo Alencar. Por ser um assunto controverso, as opiniões dos consultados foram opostas, mas essa diversidade na análise possibilita o leitor a responder a pergunta baseado não apenas na visão dos especialistas, mas na sua própria após conhecê-las.

Segundo José Eudes, a cobertura foi tendenciosa e favorável ao candidato José Serra (PSDB), principalmente nos jornais O Globo (RJ), Estado de São Paulo e Folha de São Paulo e nas revistas Época e Veja. Já Ricardo Ismael tem uma opinião diferente e afirma que a hipótese de que a imprensa apoiou Serra é totalmente falsa, e que alguns jornais do Sudeste o fizeram, mas não caracteriza a todalidade. Além disso, Ismael diverge de Eudes sobre o jornal Folha de São Paulo, já que em sua opinião o jornal não apoiou nenhum dos candidatos. O cientista político também atenta para o fato de que a maioria votante da população não lê os jornais citados, mas sim versões mais populares, como Extra (RJ) e O Dia (RJ), e que aliás O Dia apoiou Dilma Roussef (PT) acintosamente. Lembra também que em estados como Pernambuco, o acesso a jornais do sudeste é menor e os locais, Jornal do Comércio e Diário de Pernambuco, apoiaram a candidata petista.

No Brasil, apenas dois veículos de grande porte declararam apoio a um candidato em seus editoriais, o Estadão e a revista Carta Capital, apoiando Serra e Dilma respectivamente. Essa decisão é uma tradição norte americana, mantida por diversas revistas e jornais, como o NY Times. Os professores concordam que essa atitude é válida, e Eudes reitera que a opinião do veículo (editoriais, colunas e artigos) pode ser explícita, mas não deve afetar a cobertura do noticiário. Ismael adiciona que tal apoio não é obrigatório, até porque o Conselho Editorial do jornal ou revista pode ter opiniões contrárias e cita o caso da Folha que não deseja apoiar ninguém para resguardar sua independência no futuro governo, ou seja, criticar quem quer que seja eleito.

Na opinião de Eudes, não existe a neutralidade, mas o jornalista deve sempre seguir a honestidade. E honestidade, em sua visão, é apurar os fatos com seriedade, apuração bem feita, ouvindo as várias partes envolvidas e pessoas que possam fornecer informações para resolver questões da matéria que o jornalista não domina. Ainda segundo Eudes, o tripé de sustentação do bom jornalista está baseado em serviços, opinião e informação. Ao explicitar o porquê acha que os veículos fizeram oposição a Dilma, ele acredita que há um receio desses meios de comunicação que o próximo governo tente, de alguma maneira, modificar os marcos regulatórios sobre a propriedade dos veículos, principalmente de televisão e rádio, as concessões de serviço público. Compara esse receio com o que houve na Argentina quando o governo aprovou a Lei de los médios, a lei dos meios de comunicação, que define, por exemplo, que uma emissora não pode ter rádio, televisão, jornal, internet e TV a cabo no mesmo lugar, como é o caso da Globo, e outros, no Brasil que detêm um oligopólio gigante.

Ao comentarem sobre a perda, ou não, de credibilidade da imprensa brasileira nessas eleições, os especialistas divergiram novamente. Ismael chamou atenção para o cuidado que deve ser tomado ao definir que imprensa seria essa, e completou afirmando que a maioria dos eleitores votou, nos vários candidatos, sem ler os principais jornais, o que continua acontecendo. Já Eudes afirma que sim, a imprensa perdeu a credibilidade, e que seu maior erro foi confundir informação com opinião. Mas reiterou que isso não ocorreu apenas nesse pleito, mas vêm ocorrendo a décadas.

As eleições já passaram, mas a reflexão permanece para nas próximas o leitor eleitor analisar, por si só, se houve uma mudança ou o sistema permaneceu o mesmo. Apesar das visões diferentes dos estudiosos consultados, fica clara a necessidade de, acima de tudo, uma visão crítica da situação, não apenas baseada em o que um ou outro afirmou. Essa matéria não tem a intenção de instituir verdades universais, mas sim, colocar esse assunto, tão pouco discutido nos veículos de comunicação, em pauta e estimular o público a pesquisar e refletir sobre o assunto.

terça-feira, 5 de outubro de 2010

O não dito

Editorial que fiz para a faculdade. Foi escrito em uma aula, em meia hora e de surpresa. O assunto é se os debates qualificam, ou não, o voto do eleitor. Baseado no debate ocorrido na Globo, no dia 30 de Setembro, com os presidenciáveis.


As palavras e propostas apresentadas pelos candidatos no debate de ontem são as verdades que lhes convêm. O que não quer dizer que sejam aplicáveis ou possíveis. Por isso, o eleitor não deve se basear nos debates para qualificar seu voto.
Dilma ao citar programas com o PAC 2 e Minha Casa, Minha Vida 2 não informou ao público que as primeiras versões das propostas citadas estão em andamento, sem nem a metade concluída. Assim como propostas de Plínio e Serra, que não explicaram com que dinheiro as colocariam em prática. E Marina, que levanta a sua bandeira, sem propostas concretas, apenas recorrendo ao lugar comum.
Essas atitudes não dão base ao eleitor para escolher seu candidato. Além disso, o sistema, que contém a tréplica, intimida um debate direto, como entre Serra e Dilma, que não ocorreu porque ao perguntar, a palavra final é do perguntado. Para um voto consciente o importante é pesquisar a vida pregressa e os discursos dos candidatos para as mais diversas platéias e assistir ao debate somente para confirmar se o comportamento na campanha é igual em frente as câmeras, para todas as platéias presentes no Brasil.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Horário Eleitoral Gratuito custaráR$851,1 milhões

Segue uma matéria que fiz para a faculdade, espero que gostem.

O Horário Eleitoral Gratuito começará no dia 17 de Agosto e antes mesmo de seu início já causa polêmica. A gratuidade inserida em seu nome é questionável já que, além do dinheiro gasto pelos partidos na produção dos vídeos a serem exibidos, o espaço utilizado nas emissoras de televisão ou rádio, também é cobrado. O valor estimado pela Receita Federal, para o pleito presidencial deste ano é de R$851,1 milhões.

Essa quantia é obtida através da isenção fiscal cedida às emissoras no valor de 80% do que seria pago caso o espaço fosse vendido aos anunciantes. Este valor será ainda mais alto, pois, a nova Legislação Eleitoral estende o ressarcimento, antes oferecido apenas as maiores, a todas as emissoras. Segundo estimativa baseada nos dados referentes à população do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), é como se cada brasileiro desembolsasse R$4,44 para assistir ao Horário.

Segundo especialistas tais gastos não garantem, necessariamente, qualidade de voto do eleitor. O diretor do Instituto Sensus, Ricardo Guedes, afirma que a propaganda eleitoral não é o primeiro fator que o eleitor leva em consideração, porém, em caso de dúvida, ele recorre a ela e aos debates. Pesquisa Datafolha, realizada no ano de 2009 em São Paulo, constata que 61% dos entrevistados admitiram que o horário político influenciaria sua decisão, e apenas 38% afirmaram o contrário. Entre os influenciados, encontram-se, principalmente, cidadãos que recebem até dois salários mínimos.

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

O Dossiê do PT

Tudo começou no dia 20 de Abril quando, em um restaurante de Brasília, se reuniam: o ex delegado da PF Onésimo de Souza, Luiz Lanzetta, dono da empresa Lanza, responsável pela contratação de jornalistas para a campanha de Dilma Roussef, Benedito de Oliveira Neto, um dos sócios da empresa Dialog, que tem contratos com o governo Lula, e o jornalista Amaury Ribeiro Júnior. As motivações desse encontro são diferentes de acordo com os participantes. Segundo o ex delegado, ele foi procurado por integrante da campanha da petista para a formulação de um dossiê que levantasse dados do candidato tucano José Serra, e de seus aliados, que pudesse comprometer sua campanha. Já de acordo com o comitê da candidata foi Onésimo que procurou-os prestando seus serviços para a formulação do mesmo.
Versões divergentes, o que mais importa, ao meu ver, é que o encontro aconteceu. E segue a pergunta: porque, sabendo do que se tratava, membros da campanha compareceram? Não seria melhor nem ir, se realmente não tivesse a intenção de "comprar" o dossiê?
Bom, a época Serra acusou o PT e Dilma ameaçou processa-lo se o fizesse novamente.
O tempo passou e em 12 de Junho a Folha de São Paulo publica dados de um suposto dossiê, elaborado pelo PT, referente ao vice presidente do PSDB Eduardo Jorge Caldas Pereira.
Em 1° de Julho a Corregedoria Geral da Receita abre um processo administrativo para apurar se o servidor que acessou as informações foi o mesmo que vazou os dados. Uma semana após alega que não houve violação e que os dados foram acessados por membros autorizados da própria receita. Mas os tucanos persistem e protocolam requerimento na Câmara dos Deputados pedindo informações ao ministro da Fazenda, Guido Mantega, sobre a quebra de sigilo fiscal de Eduardo Jorge.
Até que no dia 19 de Julho um relatório informa que um servidor acessou, de forma ilegal, os tais dados fiscais em Outubro de 2009. Acompanharam até aqui?
Pois bem, agora vem a melhor (ou pior) parte. Eduardo Jorge consegue da Justiça Federal o direito de acompanhar o processo administrativo e tudo o que já havia sido levantado pela sindicância da Receita Federal. E descobre que além de seus dados, o de outras 3 pessoas, ligadas a Serra e ao PSDB, também tiveram suas informações violadas nas mesmas circunstâncias, fato que até então vinha sendo encoberto pela Receita.
As circunstâncias? Exponho-as aqui, e verão a clara intenção de dossiê. Em um intervalo de 16 minutos, entre 12:27 e 12:43, do dia 9 de Outubro de 2009 através de um computador localizado na Delegacia da Receita Federal (sempre bom lembrar, um orgão do governo) em Mauá (SP), foram acessados em sequência através de um mesmo computador e senha, e violados ilegalmente, os dados de, além de Eduardo Jorge, Luiz Carlos Mendonça Barros, ministro das Comunicações no governo Fernando Henrique Cardoso; Gregório Marin Preciado, marido de uma prima de Serra; e Ricardo Sérgio de Oliveira, diretor do Banco do Brasil no governo FH. Coincidência? Acho maior a probabilidade de ganhar na loteria do que a de reunir esses fatos sem a intenção de uso eleitoral.
E como se já não fosse o suficiente, os petistas ainda afirmam ser apenas "factóides", como se uma investigação da Justiça Federal não fosse digna de ser levada a sério. Mas além disso, infelizmente ainda não pude apurar com propriedade mas escrevo aqui como um adendo, a candidata Dilma Roussef afirmou no Jornal Nacional de hoje que pretende processar Serra pela situação. Sim, vocês não estão loucos, ela processará uma das "vítimas". Porque Serra disse que os responsáveis são do PT e se trata de espionagem, o que não é mentira! Aliás, o candidato pode falar com muita propriedade do assunto, já que em 2006, quando em campanha para governador do estado de São Paulo, foi vítima de outro dossiê, um falso, que possui até vídeo comprovando. Até hoje não se sabe de onde vinha o dinheiro que iria pagá-lo. Lula, a época, classificou os que o fizeram como "aloprados" do PT.
Dados os fatos parece que existem muito mais "aloprados" do que o senhor Lula deixa transparecer.

domingo, 8 de agosto de 2010

O debate na Band

É decepcionante saber que o primeiro debate com os presidenciáveis, veiculado pela Band na última quinta-feira (05/08), marcou apenas 3 pontos no ibope, enquanto o jogo de futebol, que passava no mesmo horário, acumulou 33 pontos. Os brasileiros adoram uma reclamação sobre política, mas na hora em que têm a oportunidade de fazer algo para melhorar a situação, não querem saber. Pois não reclamem depois também!
Como amante da política que sou, esperei esse debate ansiosa, até mesmo preferindo ficar em casa para assisti-lo do que ir a uma festa, e não pretendia fazer anotações sobre o mesmo, porém logo no começo não resisti e procurei por um caderno para anotar as minhas impressões. Foram quase oito páginas, então o que escreverei aqui é a apenas um resumo, passível de erros pois não tive a oportunidade de anotar palavra por palavra do debate, com as repercussões nos dias que o seguiram.
A pergunta inicial foi formulada pela produção a partir das maiores preocupações expressas pelos cidadãos que enviaram suas questões. Resumia-se a saber qual seria a prioridade inicial entre segurança, saúde e educação. Plínio, representante do PSOL, resolveu não responder a pergunta mas sim fazer um discurso com intuito de impactar o telespectador. Já Marina Silva, do PV, começou bem a sua fala, citando a importância da educação, mas se perdeu e exagerou um pouco no discurso logo após. Serra reafirmou tudo o que já vinha afirmando na campanha, como a criação do Ministério da Segurança e de mais escolas técnicas. Dilma demostrou bastante nervosismo, até mesmo gerando um silêncio constrangedor ao demorar para começar a falar, e não conseguiu sintetizar sua fala sendo a primeira a não conseguir concluir no tempo previsto.
Após essa pergunta, comum a todos os candidatos, o embate direto entre eles foi iniciado, com perguntas de um para o outro. Na primeira delas, Dilma ao responder Serra citou as UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora) do RJ como alternativa para a Segurança, uma boa opção, já que esse método vem sendo bastante efetivo, porém escorregou logo após ao citar as UPAs (Unidades de Pronto Atendimento), do mesmo estado, que sofrem com a falta de médicos e o péssimo atendimento.
Serra citou, ao responder uma pergunta de Marina, uma realização sua: a aprovação da PEC 29, que institui gastos mínimos para Saúde e foi aprovada por todos os partidos, além de outros 7 projetos relativos a essa mesma área aprovados da mesma forma. Plínio defendeu a Reforma agrária com a proibição de terras com mais de mil hectares, o que na prática arruinaria o país que depende das exportações dos produtos agrícolas oriundos dessas terras. Aliás, a participação desse candidato nanico, foi nada mais que uma piada. Ele está perdido nos anos 80 e apresenta propostas radicais e impraticáveis na realidade em que vivemos, sem nem ao menos citar modos de realizá-las. Serviu para ajudar Dilma, evidenciando o seu esquerdismo ele amenizou o de sua oponente, mas também soube prejudicá-la ao citar uma das frases mais notáveis, e verdadeiras, da noite "Vocês fizeram menos do que o Fernando Henrique. Um horror!". Essa frase contesta o que a candidata do PT afirmou, que o governo de que faz parte fez uma das maiores reformas agrárias do país, o que foi logo contestado por Plínio que lembrou o seu papel na formulação do programa de reforma do PT (quando ainda fazia parte do partido) e disse ainda que eles cortaram as metas pela metade e fizeram menos que seu antecessor, FHC.
Dilma, ao citar o aumento do número de empregos com carteira assinada responsabilizou o Bolsa Família por parte desse avanço, porém dados revelam que o aumento se deu no Sudeste e que no Nordeste (maior beneficiado pelo programa citado) ainda há déficit de empregos.
Outra pergunta que deixou a candidata de Lula em uma "saia justa" foi realizada por Serra, onde ele constestava a falta de apoio do governo as APAEs (Assosiações dos Pais e Amigos dos Excepcionais), no que a candidata negou a acusação. A imprensa comprovou, posteriormente, que Serra estava falando a verdade.
A candidata, aliás, estava com diversos papéis em sua mão, provavelmente com os vários dados que ela citou no debate (nem sempre corretos, como observado depois). E é apenas isso que ela sabe fazer: citar dados. E quando alguma questão colocada em debate não está contida nos seus papéis, se confunde e não consegue responder satisfatoriamente (como com as APAEs). Apesar dos petistas exaltarem que ela apenas citou o nome de Lula no fim, é óbvio que o citou antes, só que de forma subjetiva. Ao falar "nós fizemos...." ela está sim citando o presidente, e se incluindo como participante de todas as realizações citadas.
Serra foi feliz ao afirmar que Dilma até mesmo elogiou a privatização dos serviços de telecomunicação e que seu assessor, Antônio Palocci, elogiou a política econômica de FHC diversas vezes.
Um outro fato que chamou a atenção foi a apelação de Marina, em duas ocasiões se não me engano, baseada em sua infância pobre e de suas origens. E também a dela e de Dilma ao citarem que as mulheres estão prontas para governar o país. Sinto informar minhas caras, mas isso independe de sexo, depende na verdade de competência. Engraçado também é ver os petistas considerando uma vitória a atuação de sua candidata apenas pelo fato de ela não ter sido um fiasco total. Será que isso pode ser considerado vitória mesmo? Ter sido só meio fiasco? Parece piada, mas não é.

sábado, 31 de julho de 2010

Esclarecimentos Gerais sobre a Prefeitura

Há um tempo tive a oportunidade de realizar uma entrevista com o Coordenador de Imprensa da Prefeitura, Rafael Lisboa, para um trabalho da faculdade. Como estou sem paciência para fazer novos posts e não posto a algum tempo, vou disponibilizar aqui essa entrevista. Lembrando que a realizei com a pretensão de esclarecer de forma mais amplas alguns pontos básicos do trabalho que vem sendo realizado pela gestão Eduardo Paes na Prefeitura, sem aprofundamento.

Esclarecimentos Gerais sobre a Prefeitura

O Coordenador de Imprensa da atual gestão esclarece as principais preocupações dos cidadãos cariocas.

No dia 14 de Junho, uma segunda-feira, Rafael Lisboa, Assessor de Imprensa do prefeito Eduardo Paes e Coordenador de Imprensa da Prefeitura, concedeu uma entrevista em seu gabinete, localizado na Assessoria de Imprensa da Prefeitura, na qual respondeu algumas perguntas gerais sobre os diversos programas da gestão de Eduardo Paes. A entrevista, transcrita através de um gravador, pode ser lida, na íntegra, a seguir.

Uma das primeiras medidas do atual prefeito foi o fim da aprovação automática (revogação do decreto 28.878). Mas e quanto aos investimentos em educação, o que tem sido feito?

Rafael Lisboa: Na verdade, desde o início da administração da nova gestão, a principal promessa de campanha do prefeito Eduardo Paes quando candidato era acabar com a aprovação autómatica, e foi isso que aconteceu. Já no primeiro dia, ele revogou o decreto e junto com o fim da aprovação autómatica instituiu o reforço escolar nas escolas para que esses alunos, que estavam acostumados a passar sem nenhum tipo de cobrança, pudessem se preparar. Muitos tiveram que ser realfabetizados, então junto com o processo de reforço escolar teve também um de alfabetização. Foram contratados, só no primeiro ano, mais de dois mil novos professores para diminuir o déficit que existia na cidade. Mas um dos principais programas da prefeitura no âmbito da educação foi a criação das Escolas do Amanhã, são 150 escolas que ficam em áreas de risco, violentas, que passaram a funcionar em período integral. Além do período integral, essas escolas passaram a ter uma série de atividades para prender, deixar os alunos na escola e evitar que eles se envolvam com a criminalidade. Tem laboratórios de vídeo, atividades extra curriculares, esportes, música, danças e arte. E, além disso, a prefeitura também fez um plano de gestão com os professores e com as escolas em que nas escolas onde os alunos melhorassem o seu índice de rendimento na Prova Brasil, que é uma prova federal, os professores poderiam ganhar até um salário extra de bonificação e no caso das Escolas do Amanhã até um salário e meio a mais.

Qual é o procedimento para a escolha dos locais em que o Choque de Ordem agirá?

RF:A cidade desde o início da nova gestão sofreu uma espécie de mapeamento dos seus problemas. Então as sub-prefeituras identificam os seus problemas, também através de denúncias e com planejamento com outros orgãos, com a polícia, e identifica as principais áreas, principais queixas. Trabalhamos também com ouvidoria, é dessa forma que se desenvolvem as ações. E você vê essas ações acontecendo em todos os lugares. A ação do Choque de Ordem é de combate a irregularidade, em estacionamento e comércio , a todo tipo de desordem e bagunça, em todas as áreas da cidade. Talvez a imprensa cubra mais a zona sul e a Barra da Tijuca, mas tem esse tipo de ação também na zona norte, Madureira por exemplo foi alvo de uma grande ação do Choque, zona oeste, enfim, toda a cidade.

E qual o procedimento que os comerciantes e funcionários ilegais, afetados pelo Choque, devem realizar para tornar sua situação legal?

RF: No ano passado começou um grande processo de recadastramento dos ambulantes. Então os ambulantes passaram a ser recadastrados e regularizados, com crachá, uniforme, barracas padronizadas, dividido por áreas da cidade, determinado onde cada comerciante poderá agir. O objetivo da prefeitura é transformar os ambulantes irregulares em micro empreendedores, pagando INSS e tendo direito a benefícios como FGTS e previdência.

As ocupações em encostas e locais de risco, como sobre lixões, foram alardeadas devido as chuvas que acometeram a cidade. Porque esse problema apenas foi detectado após a tragédia?

RF: O que acontece é que a prefeitura tem todo um trabalho, inclusive já tinha sido anunciado ano passado, já havia começado, o reassentamento de famílias em áreas de risco. Então tiveram algumas remoções no ano passado, algumas famílias passaram a receber aluguel social enquanto novas casas estão sendo construídas. Só que com a chuva, que foi completamente anormal, não esperada, nós tivemos que acelerar esse processo. Já estava nos planos da prefeitura, desde o ano passado, e havia começado a remoção e reassentamento de doze mil famílias que vivem em áreas de risco. Algumas famílias começaram a ser removidas no ano passado, mesmo antes das chuvas, mas com elas isso teve que ser acelerado. Então, o prefeito indicou oito áreas que são consideradas mais urgentes para começar esse processo de reassentamento. No Morro do Urubu, por exemplo, as famílias já foram retiradas e reassentadas em Realengo, em um condomínio do projeto Minha Casa Minha Vida. É um projeto que já estava acontecendo. Mas, é claro que a atual gestão quando chegou na prefeitura, encontrou um passivo muito grande, durante muito tempo se permitiu construir em encostas, locais irregulares na gestão anterior. Assim que chegou ao poder, a atual prefeitura identificou áreas e começou o trabalho que foi acelerado por conta das chuvas.

Quais são os principais investimentos para 2010?

RF: Um programa da saúde, projeto chamado Clínica da Família, que é de atenção básica para que cada morador da cidade tenha seu próprio médico, mesmo nas áreas mais carentes. O telefone do médico, enfermeiro, para que sejam atendidos pela mesma equipe. Então essas Clínicas o prefeito deve inaugurar 70 até 2012, mas essas inaugurações já começaram, elas vão estar presentes nas zona oeste e norte para garantir a atenção básica a essas famílias, evitando a super lotação dos hospitais. Na educação temos a inauguração de Espaços de Desenvolvimento Infantil, que não são simplesmente creches, é o lugar onde as crianças de turma infantil e pré-escolar tem todo o aprendizado, bibliotecas, brinquedotecas e mais. A prefeitura pretende dobrar o número de vagas em creches. Está sendo intensificado o projeto do Porto Maravilha, na zona portuária, de construção do Museu do Amanhã e do Museu de Arte do Rio, além de urbanização das ruas daquela zona. Enfim, tem uma série de eventos.

Quais são os problemas e pendências para a implantação do Bilhete Único?

RF: Amanhã, terça feira (15/06/2010), sai o edital de licitação das linhas de ônibus e essa licitação já prevê que as empresas que ganhem a operação das linhas de ônibus da cidade tem que implantarem, obrigatoriamente, o Bilhete Único, já faz parte. Então, com o edital publicado amanhã, até Agosto, aproximadamente, deve começar a implantação do Bilhete Único.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Israel ataca "pacifistas"?

Quando o ataque do estado de Israel a uma flotilha, em águas internacionais, que estava supostamente carregada de mantimentos e pacifistas com destino a Faixa de Gaza, começou a ser noticiado, já notei algo errado. Em uma área tão conturbada e violenta como Israel tomar partido, tão rápido e de forma tão ensurdecedora, deve ser considerado, no mínimo, um ato suspeito. As condenações são muitas, mas pouco é citado acerca do que Israel tem a dizer. Pude ficar sabendo um pouco mais desse outro lado da história a partir de uma amiga que comentou e me enviou um e-mail com o que foi declarado pela Embaixada de Israel.
Começo falando sobre o local onde se deu a tragédia, que apesar de se encontrar em águas internacionais é justificado pelo bloqueio marítimo na Faixa de Gaza, que é legal e está inclusive contido em leis marítimas de outros países, como EUA e Inglaterra, desde que não prejudique o trânsito marítimo de países neutros no conflito. Apesar de não se encontrar próximo do litoral de Gaza, Israel tem o direito de bloquear e, se necessário, atacar qualquer meio de transporte que transitar por aquela região que tenha como destino declarado o território que sofre o bloqueio. E essa declaração pode ser observada no seguinte vídeo http://www.youtube.com/watch?v=qKOmLP4yHb4, onde Israel contacta a flotilha e recebe um recado claro da mesma. Aliás, nesse mesmo vídeo, fica claro que o procedimento anterior a ação de ataque é correto, já que é oferecida a opção de repassar esses mantimentos por terra, através do porto de Ashdod.
Observando tais fatos, algumas dúvidas surgem. Porque não aceitar essa alternativa se a intenção era repassar os mantimentos? E porque não recorrer a ONU ou a Cruz Vermelha para tal tarefa ao invés de tentar furar o bloqueio? Será que eram realmente pacíficos os fins da missão?
O Hamas domina aquela região e qualquer cuidado é pouco para armamentos não chegarem ao local, piorarem ainda mais o conflito e vitimarem mais civis. Não estou defendendo Israel, longe disso, mas gostaria de divulgar um pouco sobre essa versão, pouco informada.
Essa condenação pode ter relação com o que ocorreu em meados de Março quando Joe Biden, vice presidente americano, fazia uma visita a Jerusalém para, entre outros assuntos, propor acordos em direção a paz entre Palestinos e Judeus, e o primeiro ministro israelense Benjamin Netanyahu anunciou a construção de 1.600 casas em uma colônia judaica no setor árabe de Jerusalém, o que foi considerado um desrespeito e afronta pelos Estado Unidos. Desde então as relações dos dois países, aliados de longa data, vêm se complicando.
São questões para refletir e perceber que, pelo menos nessa história, não há mocinhos nem vilões definidos.