quinta-feira, 26 de agosto de 2010

O Dossiê do PT

Tudo começou no dia 20 de Abril quando, em um restaurante de Brasília, se reuniam: o ex delegado da PF Onésimo de Souza, Luiz Lanzetta, dono da empresa Lanza, responsável pela contratação de jornalistas para a campanha de Dilma Roussef, Benedito de Oliveira Neto, um dos sócios da empresa Dialog, que tem contratos com o governo Lula, e o jornalista Amaury Ribeiro Júnior. As motivações desse encontro são diferentes de acordo com os participantes. Segundo o ex delegado, ele foi procurado por integrante da campanha da petista para a formulação de um dossiê que levantasse dados do candidato tucano José Serra, e de seus aliados, que pudesse comprometer sua campanha. Já de acordo com o comitê da candidata foi Onésimo que procurou-os prestando seus serviços para a formulação do mesmo.
Versões divergentes, o que mais importa, ao meu ver, é que o encontro aconteceu. E segue a pergunta: porque, sabendo do que se tratava, membros da campanha compareceram? Não seria melhor nem ir, se realmente não tivesse a intenção de "comprar" o dossiê?
Bom, a época Serra acusou o PT e Dilma ameaçou processa-lo se o fizesse novamente.
O tempo passou e em 12 de Junho a Folha de São Paulo publica dados de um suposto dossiê, elaborado pelo PT, referente ao vice presidente do PSDB Eduardo Jorge Caldas Pereira.
Em 1° de Julho a Corregedoria Geral da Receita abre um processo administrativo para apurar se o servidor que acessou as informações foi o mesmo que vazou os dados. Uma semana após alega que não houve violação e que os dados foram acessados por membros autorizados da própria receita. Mas os tucanos persistem e protocolam requerimento na Câmara dos Deputados pedindo informações ao ministro da Fazenda, Guido Mantega, sobre a quebra de sigilo fiscal de Eduardo Jorge.
Até que no dia 19 de Julho um relatório informa que um servidor acessou, de forma ilegal, os tais dados fiscais em Outubro de 2009. Acompanharam até aqui?
Pois bem, agora vem a melhor (ou pior) parte. Eduardo Jorge consegue da Justiça Federal o direito de acompanhar o processo administrativo e tudo o que já havia sido levantado pela sindicância da Receita Federal. E descobre que além de seus dados, o de outras 3 pessoas, ligadas a Serra e ao PSDB, também tiveram suas informações violadas nas mesmas circunstâncias, fato que até então vinha sendo encoberto pela Receita.
As circunstâncias? Exponho-as aqui, e verão a clara intenção de dossiê. Em um intervalo de 16 minutos, entre 12:27 e 12:43, do dia 9 de Outubro de 2009 através de um computador localizado na Delegacia da Receita Federal (sempre bom lembrar, um orgão do governo) em Mauá (SP), foram acessados em sequência através de um mesmo computador e senha, e violados ilegalmente, os dados de, além de Eduardo Jorge, Luiz Carlos Mendonça Barros, ministro das Comunicações no governo Fernando Henrique Cardoso; Gregório Marin Preciado, marido de uma prima de Serra; e Ricardo Sérgio de Oliveira, diretor do Banco do Brasil no governo FH. Coincidência? Acho maior a probabilidade de ganhar na loteria do que a de reunir esses fatos sem a intenção de uso eleitoral.
E como se já não fosse o suficiente, os petistas ainda afirmam ser apenas "factóides", como se uma investigação da Justiça Federal não fosse digna de ser levada a sério. Mas além disso, infelizmente ainda não pude apurar com propriedade mas escrevo aqui como um adendo, a candidata Dilma Roussef afirmou no Jornal Nacional de hoje que pretende processar Serra pela situação. Sim, vocês não estão loucos, ela processará uma das "vítimas". Porque Serra disse que os responsáveis são do PT e se trata de espionagem, o que não é mentira! Aliás, o candidato pode falar com muita propriedade do assunto, já que em 2006, quando em campanha para governador do estado de São Paulo, foi vítima de outro dossiê, um falso, que possui até vídeo comprovando. Até hoje não se sabe de onde vinha o dinheiro que iria pagá-lo. Lula, a época, classificou os que o fizeram como "aloprados" do PT.
Dados os fatos parece que existem muito mais "aloprados" do que o senhor Lula deixa transparecer.

domingo, 8 de agosto de 2010

O debate na Band

É decepcionante saber que o primeiro debate com os presidenciáveis, veiculado pela Band na última quinta-feira (05/08), marcou apenas 3 pontos no ibope, enquanto o jogo de futebol, que passava no mesmo horário, acumulou 33 pontos. Os brasileiros adoram uma reclamação sobre política, mas na hora em que têm a oportunidade de fazer algo para melhorar a situação, não querem saber. Pois não reclamem depois também!
Como amante da política que sou, esperei esse debate ansiosa, até mesmo preferindo ficar em casa para assisti-lo do que ir a uma festa, e não pretendia fazer anotações sobre o mesmo, porém logo no começo não resisti e procurei por um caderno para anotar as minhas impressões. Foram quase oito páginas, então o que escreverei aqui é a apenas um resumo, passível de erros pois não tive a oportunidade de anotar palavra por palavra do debate, com as repercussões nos dias que o seguiram.
A pergunta inicial foi formulada pela produção a partir das maiores preocupações expressas pelos cidadãos que enviaram suas questões. Resumia-se a saber qual seria a prioridade inicial entre segurança, saúde e educação. Plínio, representante do PSOL, resolveu não responder a pergunta mas sim fazer um discurso com intuito de impactar o telespectador. Já Marina Silva, do PV, começou bem a sua fala, citando a importância da educação, mas se perdeu e exagerou um pouco no discurso logo após. Serra reafirmou tudo o que já vinha afirmando na campanha, como a criação do Ministério da Segurança e de mais escolas técnicas. Dilma demostrou bastante nervosismo, até mesmo gerando um silêncio constrangedor ao demorar para começar a falar, e não conseguiu sintetizar sua fala sendo a primeira a não conseguir concluir no tempo previsto.
Após essa pergunta, comum a todos os candidatos, o embate direto entre eles foi iniciado, com perguntas de um para o outro. Na primeira delas, Dilma ao responder Serra citou as UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora) do RJ como alternativa para a Segurança, uma boa opção, já que esse método vem sendo bastante efetivo, porém escorregou logo após ao citar as UPAs (Unidades de Pronto Atendimento), do mesmo estado, que sofrem com a falta de médicos e o péssimo atendimento.
Serra citou, ao responder uma pergunta de Marina, uma realização sua: a aprovação da PEC 29, que institui gastos mínimos para Saúde e foi aprovada por todos os partidos, além de outros 7 projetos relativos a essa mesma área aprovados da mesma forma. Plínio defendeu a Reforma agrária com a proibição de terras com mais de mil hectares, o que na prática arruinaria o país que depende das exportações dos produtos agrícolas oriundos dessas terras. Aliás, a participação desse candidato nanico, foi nada mais que uma piada. Ele está perdido nos anos 80 e apresenta propostas radicais e impraticáveis na realidade em que vivemos, sem nem ao menos citar modos de realizá-las. Serviu para ajudar Dilma, evidenciando o seu esquerdismo ele amenizou o de sua oponente, mas também soube prejudicá-la ao citar uma das frases mais notáveis, e verdadeiras, da noite "Vocês fizeram menos do que o Fernando Henrique. Um horror!". Essa frase contesta o que a candidata do PT afirmou, que o governo de que faz parte fez uma das maiores reformas agrárias do país, o que foi logo contestado por Plínio que lembrou o seu papel na formulação do programa de reforma do PT (quando ainda fazia parte do partido) e disse ainda que eles cortaram as metas pela metade e fizeram menos que seu antecessor, FHC.
Dilma, ao citar o aumento do número de empregos com carteira assinada responsabilizou o Bolsa Família por parte desse avanço, porém dados revelam que o aumento se deu no Sudeste e que no Nordeste (maior beneficiado pelo programa citado) ainda há déficit de empregos.
Outra pergunta que deixou a candidata de Lula em uma "saia justa" foi realizada por Serra, onde ele constestava a falta de apoio do governo as APAEs (Assosiações dos Pais e Amigos dos Excepcionais), no que a candidata negou a acusação. A imprensa comprovou, posteriormente, que Serra estava falando a verdade.
A candidata, aliás, estava com diversos papéis em sua mão, provavelmente com os vários dados que ela citou no debate (nem sempre corretos, como observado depois). E é apenas isso que ela sabe fazer: citar dados. E quando alguma questão colocada em debate não está contida nos seus papéis, se confunde e não consegue responder satisfatoriamente (como com as APAEs). Apesar dos petistas exaltarem que ela apenas citou o nome de Lula no fim, é óbvio que o citou antes, só que de forma subjetiva. Ao falar "nós fizemos...." ela está sim citando o presidente, e se incluindo como participante de todas as realizações citadas.
Serra foi feliz ao afirmar que Dilma até mesmo elogiou a privatização dos serviços de telecomunicação e que seu assessor, Antônio Palocci, elogiou a política econômica de FHC diversas vezes.
Um outro fato que chamou a atenção foi a apelação de Marina, em duas ocasiões se não me engano, baseada em sua infância pobre e de suas origens. E também a dela e de Dilma ao citarem que as mulheres estão prontas para governar o país. Sinto informar minhas caras, mas isso independe de sexo, depende na verdade de competência. Engraçado também é ver os petistas considerando uma vitória a atuação de sua candidata apenas pelo fato de ela não ter sido um fiasco total. Será que isso pode ser considerado vitória mesmo? Ter sido só meio fiasco? Parece piada, mas não é.